É verdade… A temática “interação entre adulto e criança” carece de muita atenção e reflexão por parte de todos os adultos que lidam diariamente com crianças.
Desta interação podem nascer crianças seguras ou inseguras, calmas ou apressadas, prudentes ou imprudentes, criativas ou comodistas.
Esta temática tem, como se diz em bom português “pano para mangas”. Por isso é melhor irmos por partes.
Maria Montessori afirma inúmeras vezes nos seus estudos que o adulto é o guia da criança. Não o chefe. Não o comandante. Não o criado. O Guia.
E quais são as características de um bom guia?
O guia é quem planta as sementes, deixando-as crescer ao seu ritmo e por elas mesmas. O guia está presente quando a criança necessita, mas o mínimo possível.
Interagir com a criança como adulto guia é ABRANDAR. Abrandar para acompanhar o ritmo da criança que naturalmente é mais lento que o do adulto. Permitir-lhe explorar, brincar, observar e questionar. Permitir que se vista sozinha fazendo experiências e intervir apenas se necessário, mostrando como determinado erro pode ser corrigido. Para isso também é importante o recurso a movimento lentos e precisos.
Abrandar é também contar até dez antes de repetir um pedido, como por exemplo “Podes sentar-te, por favor?”. Desta forma permitimos que a criança processe o pedido, mais uma vez ao seu ritmo.
Interagir com a criança como adulto guia é OBSERVAR. A observação é a ferramenta principal de um educador, de um pai Montessori. Observar sem julgar, sem intromissão desnecessária, e sem se ser tendencioso. A observação ajuda a olhar para a criança com novos olhos, ajuda a estar mais presentes identificando potenciais necessidades na criança. Ajuda também na conexão com a criança pois ao olharmos para as coisas da sua perspetiva ficamos compreendê-la melhor.
Interagir com a criança como adulto guia é DAR ESPAÇO. Dar espaço para que resolva as situações por si mesma. Desta forma não estamos a “pescar” pelas crianças, mas sim a dar-lhes a “cana” para que o façam sozinhos. Como guias estamos também a impactar o desenvolvimento da resiliência e perspicácia.
É importante perceber o impacto que tem o adulto guia não dar este espaço. Quando o adulto se intromete demasiada e desnecessariamente nas ações da criança está a obstaculizar a aprendizagem. Ao fazer as coisas por ela gera-lhe também uma sensação de frustração, de inferioridade e de incapacidade… tudo aquilo que um pai, um educador não quer que a criança sinta.
Por fim, realço que se esta postura de guia for implementada e se a postura de comandante assoberbado for aniquilada, sem dúvida que o ambiente em família será 1000 vezes melhor, pois quando a criança está calma e feliz a família está no mesmo registo e tudo corre muito melhor!
Com Amor,
Bárbara Palma